Talvez eu devesse me desdizer,
reconsiderar.
Supunha que toda geometria
sucumbisse na noite,
que todos os ângulos
eram por ela engolidos;
que não houvesse palavras
especificamente noturnas,
que as sílabas nasceram sob o sol
para formar um plâncton
nesse oceano de luz
que demanda oxigênio;
que a lua seria apêndice solar.
Mas, e “feérico”? É palavra noturna!
Só há no hemisfério das sombras,
e sem se opor ao dia.
E “onírico”?
Deixarei então de identificar a noite
à madrasta má dos sonhos órfãos do dia.
Ver menos talvez seja a condição natural
do sonhar.
Marcantonio
8 comentários:
Imagem maravilhosa. Ver menos, talvez seja ver a essência do sonho, o que o onírico diz ao coração. Beijoss
Hum...não sei: a noite é feminina e portanto tem muitos olhos.,,rs
"Feérica", "onírica", cheia de olhos a noite...e o teu poema: um espanto!
Te ler é muito bom, Marquinho. Inquietante...rs...sempre, mas muito bom!
Beijos,
"Ver menos talvez seja a condição natural do sonhar."
a palavra genial já está tão gasta na blogosfera, que não tem mais nenhum valor "comentarístico". fico com um pqp marco!
sobre as fraudes nas fotografias e no espelho, é a mais pura verdade. veja a foto da brigitte no meu blog e uma outra foto atual dela. de permanente mesmo só o amor dela por mim... rsrs
abração!
ficarei à mercê das luzes
inebrinates
e dos goles de vento
que me deixam tonta
que me envergam diante do rio
e sorrio
porque simplesmente
fecho meus olhos
até fecundar o sonho.
Meu beijo, querido.
Sempre com suas belezas poéticas a (en)cantar meu coração.
boa tarde, meu mago!
costumo vi(ver) com um olho aberto e o outro fechado...
observaçãozinha: esse quadro é um sonho.
Maravilhoso este deambular entre a sombra e a luz. Reportou-me para um suave "fechar os olhos para ver melhor"
L.B.
É tão bom a gente se desdizer! Mas, confesso, tenho muita vontade é de às vezes, des-sonhar, para criar comparações...
Que alívio poder revogar-se!!
beijos
Postar um comentário