Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

terça-feira, 8 de março de 2011

QUINZE PAISAGENS COM SOL, QUINZE COM LUA (4)

Na madrugada
a janela não contrasta tanto
com a paisagem verídica.

Passa uma motocicleta com uma vida
isolada.
Passa um carro branco com duas vidas
colaterais.
Passa um ônibus ancho com uma dúzia de vidas
sentadas.

Passa aflita,
anunciando o enigma da sorte,
a sirene da desdita:
agudo risco de morte.

10 comentários:

Quintal de Om disse...

passa um pé à frente do outro,
um olhar pára na fresta do muro e
de repente, uma clareira no pensamento diante desse anuveado metafísico,
metafórico olhar.
passei por alguém que passou por mim ontem - a estática é mesmo muito dinâmica.

abraços, flores e estrelas...

cirandeira disse...

Os ví, a todos, através da janela do poeta-cronista; ouví até a sirene da desdita e esbarrei naquela caixa luminosa que nos envia para as profundezas da terra!
"Que a terra nos seja leve" :)

beijos

Bípede Falante disse...

que lúcido!!!

Zélia Guardiano disse...

Show, meu querido Marcantonio!
Esse cotidiano, que você pega e , com seu poder de magia, transforma em versos assim, desta qualidade...

Luiza Maciel Nogueira disse...

a arte parece de fato uma rua movimentada na madrugada que nesse flash do momento passou uma luz rente despercebida, algo que lá ficou no instante que passou :), belíssimo

essa arte tem tudo haver com poesia, desperta a poesia da imagem

beijo

Batom e poesias disse...

A vida vista da janela, a despeito dos riscos, ainda é vida.

Me pus em dia em seu azul.
Temporariamente ausente.
:D

bj
Rossana

Tania regina Contreiras disse...

Tô por aqui te lendo. Sempre boquiaberta com a poesia lúcida que vem pelas suas mãos. E pela versatilidade, isso que parece ser teu, natural da tua alma. Amando a nova série. E agora mais serena, porque acabou a loucura que se chama carnaval, mas que não é. Falta a ele o que te sobra: originalidade, criatividade...enfim.
Beijos, Marquinho.

Lou Vilela disse...

Belos posts em dose dupla. ;)

Um abraço

Anônimo disse...

Uau, algo passou aqui e me estremeceu!

Abraço.

Cris de Souza disse...

óh, céus! não sei quem mais me espanta, se o criador ou as criaturas...