TAMANHO
Então, é tudo diminuto,
E é hábito vão
Pensar em escalas.
Quantos de mim, soberanos,
Caberão nesta sala?
É tudo diminuto,
E tão temerário é lidar
Com coisas pequenas.
É preciso se munir de pinças
E lentes,
Suportar o desespero
De estar sempre atento,
Pois uma pressão a mais
Provoca fraturas discursivas:
- Isso era uma carícia, não um insulto!
E muito se perde, por diminuto,
E se extravia:
Correm rapidamente para os cantos
As minudências,
E por descuido se esmagam
Diminutivos carinhosos.
Requer cuidado
Esse viver diminuendo.
Esquece qualquer preeminência:
Tu desapareces na ampliação,
Um aglomerado de pontinhos frágeis,
Ato de prestidigitação pelo qual és visível
E invisível a um só tempo
(Dentro de Gulliver há um mecanismo
Movido por homenzinhos de Liliput).
Tudo é diminuto,
Mas consola que também o seja
O derradeiro minuto de espaçamento.
Diane Arbus, Jewish Giant at Home With his Parents, 1970 |
Mais sobre Diane Arbus AQUI
3 comentários:
cada vez mais requinte nos poemas
Bárbaro, eu adoro as coisas pequeninas como os seres do Gulliver. Tamanho não é documento né? rs
Beijos
Sentido poema!
Guardar o, e não se resguardar do, “derradeiro minuto de espaçamento”, do derradeiro verso do poema...
Admiro tua capacidade de escrever tanto e tão bem, tuas séries provam que quantidade e qualidade podem conviver em permanente fluxo!
Abraços, bons caminhos...
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