Eu só quero falar
do que não alcanço:
o ar perdido dos pulmões;
aquela auréola de luz
que envolve o inseto
zunindo ao sol;
segundo por segundo
tudo que sucede
depois que as mãos
largam o trapézio-pêndulo,
o trapézio sob a lona do circo,
não a forma geométrica
- deserto que nada diz
de mim para mim mesmo.
Marc Chagall, O Circo
5 comentários:
Mas ao falar o fazes com maestria e
beleza!!!
Bjs
segundo um amigo meu, "o ócio do trapézio traz um brilho dúbio"
abraço
É este poema que guardo hoje comigo, não só por ser uma das coisas mais bonitas que já li aqui, mas porque o poeta sabe como é viver a captar com as palavras aquilo que escorrega por entre os dedos.
Grande beijo, artista-mor!
da sua cartola, mago, só sai o esmerado. aplaudo de camarote seu espetáculo.
a imagem é um número à parte, fechando com chave de ouro essa arte.
beijo, queridíssimo!
(o que está fora do alcance será o bastante?)
Então, "pra não dizer que não falamos das flores" - falemos desta falta que nos deixa a arfar, falemos de nossa incompletude e do instante entre o salto e o vazio.
Belo, Belíssimo!
grande abraço
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