de dissecação,
mesmo de objetos sem pele,
sem entranhas
cuja cara é o próprio íntimo;
compactos, unos,
como as pedras
e raríssimos entes humanos.
Mesmo porque não se trata
esse tal dissecar,
de fazer cortes nos corpos,
de afastar carnes,
para deparar os tendões, os
músculos e ossos das coisas,
mas de recortá-las ao fundo,
como espécimes
de íntegra solidão
sem contextura.
Não é, por exemplo,
como separar rubros frutos
do verde complementar
que já os expulsa,
mas seccionar os filamentos
rígidos da memória
que os encadeiam
à uniforme essência da doçura.
Cézanne, Natureza Morta com Prato de Cerejas, OST |
7 comentários:
Muito bom seu espaço...
abraço!
Dissecar assim é para poucos.
Abs
marco,
perdoe a ausência.
o apontamento de hoje me fez pensar em como os artistas se miram nos objetos, nas paisagens, nas observações... sua dissecação faz revelar as impressões além da digitais.
belo trabalho!
um beijo.
Maravilha... Disse-me além a íntegra solidão sem contextura, gostei desse dissecar a intimidade. Na verdade, gostei do todo profundo do poema, que como outros seus avança sempre ao insondável.
Beijos,
“ que seja doce, sete vezes que é pra dar sorte...”
(estive fora de órbita, senti falta desse azul)
Não sou tão analista, nem poderia, sou simplesmente amante do que gosto de fato e do que me agrada.
Tudo o que não sou capaz de fazer e dizer amo mais. Amei todo o texto e os outros também, pois li um a um.
Sou assim, tenho muita sede.
Íris Pereira
a autopsia da mente
a possivel autopsia da mente
beijo
Laura
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