Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

APONTAMENTO NA BORDA DO DIA (15)

Acordei sem fôlego.

Três ou quatro palavras
me roubavam o ar
como se tivessem tórax.

As demais boiavam
como lascas de cortiça
na lagoa escura
chamada melancolia.

Ao menos não cheirarão
             mal.

5 comentários:

Sueli Maia (Mai) disse...

Um tom atmosférico, Marco.

Acordei na madrugada com as palavras implodindo a minha cabeça e depois eram água umedecendo as pálpebras como asas de um pássaro a banhar-se.

Assim banharam-se as palavras, meus olhos e eu.
"Ao menos não cheiraremos mal."

beijos e boa semana

Átila Goyaz disse...

Belos poemas cara!
Parabéns!

Zélia Guardiano disse...

Ah, essa melancolia, lagoa escura, traiçoeira, muita vez...
Adorei, Marcanatonio!
Abraço bem forte, querido!

Eleonora Marino Duarte disse...

marco,

mesmo quando, nos versos escritos por você, há uma sentença menos agradável, há também uma espécie de docilidade que me parece vir do poeta para tornar o poema mais sábio, quando somadas as emoções descritas.

como agora, no apontamento 15.


de qualquer forma, sua visão não faz escândalos, mesmo com as coisas mais desagradáveis.

eu gosto muitíssimo do resultado!

abraços.

Anônimo disse...

Uau!
Esse vai para a minha página do facebook, demais!

Beijo.