Passei a manhã contando
rostos exaustos e cansados.
Não é difícil entender
o que mantém em pé
uma velha casa:
ela não se move.
Espera que o tempo
a venha destruir
de cima para baixo.
Mas deve mesmo haver no corpo
uma alma que o engana,
que o lisonjeia e o convence
a não ter fundamento,
a mover sem parar
o seu desfazimento.
Uma música em assincronia
com o próprio instrumento.
4 comentários:
Não nos destruimos de cima para baixo tambem, poeta? Um abraço.
é uma possibilidade bem reconfortante...
bonita consideração sobre a passagem das estações pessoais.
abraços.
Marcantonio, suas metáforas hipnotizam corpo e alma, mas ninguém é enganado com esse seu jogo, só se cresce aqui. Sua poesia é muito especial, meu amigo.
Beijo.
Este poema - como deveria todo poema - não é um convite à destruição, mas à construção. A poesia é a construção do ser - diria Heidegger.
Abraços.
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