Imagem do cabeçalho: "O Grande Canal de Veneza" (detalhe) de Turner

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

APONTAMENTO NA BORDA DO DIA (47)

Ela acaricia a toalha de mesa
Como os cabelos de uma criança.

Talvez pretenda ali entranhar
Uma porção de nada, de cinzas.

Talvez esteja brunindo
O ponto ocupado
Por uma ausência
Numa lasca de espelho.

Ou apenas queira sentir
A remota temperatura
De uma imagem que gotejou
Das suas pupilas dilatadas.

9 comentários:

Eu disse...

Deliciosamente belo o seu poema!

Quanta ternura!

Um abraço carinhoso

Cris de Souza disse...

ele precisa de faca ou de flor...

Cris de Souza disse...

agora sim, já fiz minha boa versão do dia.

beijo, criatura azul!

Daniel Andrade disse...

Que melancolia é essa poeta!

Luiza Maciel Nogueira disse...

uma beleza de carinho

:)

bjo

S. disse...

hum...
comentario dispensavel, um oferecimeneto de S.
beijinhos

Thiago Quintella de Mattos disse...

Aquele "Ou", ininiciando a ultima estrofe, deu um caráter duplo, quer dizer, que nos jogou da incerteza dos pensamentos à ternura, como bem comentado ali em cima. Uma aditiva ou adversativa... nada disso, ou as duas regrinhas.

Maria Janice disse...

O que pensava, sentia, foi capaz de a tirar de cena, para rememorar a intensa e longínqua experiência.

Gostei dos teus escritos. Te sigo daqui. beijo, Janice.

Bípede Falante disse...

Tá certo que eu não sou exatamente uma criatura normal, mas uma toalha de mesa é como uma roupa de família, a veste que testemunha a fome e a ira dos que são ou estão mais famintos.
beijo.
Eu fiquei um ano sem falar com o meu digníssimo pai por causa de uma, a toalha favorita da minha mãe, que ele queria dar para a medusa com que vivia. A toalha da minha mãe, não!